Um funcionário da fábrica inglesa, responsável pela criação da máquina, veio a Campo Grande para fazer a instalação. No entanto, após anos de uso, um software importante do acelerador linear, aparelho que opera com fins de tratamento de radioterapia, deixou de ser fabricado em janeiro deste ano.
Para evitar maiores problemas com a máquina, o hospital informou que comprou algumas peças de reposição, caso haja algum problema no funcionamento do acelerador linear, para que os tratamentos de radioterapia não fossem encerrados.
Entretanto, essas peças compradas não são as mais complexas. Ou seja, se houver um problema mais grave, o HCAA não terá como resolver tão facilmente.
"Fazendo uma analogia com o carro, você no carro, estraga o que? A correia dentada, a pastilha de freio, a bateria. São coisas comuns, mas estraga o motor também. É óbvio que eu não tenho um motor reserva, mas é possível eu ter as rodas reservas, baterias de reservas, aqueles materiais que são comuns de troca. O coração [da máquina] evidentemente não tenho de reserva, porque o coração de uma máquina de R$ 10 milhões deve custar R$ 4 milhões", explica Alvarenga.
Porém, o administrador também explica que é raro estragar peças extremamente importantes de equipamentos como esse. Sendo assim, o hospital segue realizando cerca de 95 radioterapias por dia e vai continuar oferecendo o serviço até o novo acelerador linear chegar.
NOVO APARELHO
O novo acelerador linear para realização de radioterapia será de última geração. O administrador do Hospital de Câncer informa que, atualmente, o aparelho usado no atendimento dos pacientes emite um raio que tem uma precisão inferior ao que estão prestes a comprar.
O raio que o atual aparelho emite, além de atingir a célula cancerígena, também pode atingir outras células saudáveis do corpo, que estão próximas ao câncer. Por conta dessa possibilidade, a potência do raio que é disparado é menor, para não causar danos a locais que não precisam do tratamento.
Dessa forma, o tempo que um paciente fica na radioterapia também aumenta, pois ele precisa de mais doses pequenas para atingir o resultado.
Já o novo aparelho é mais preciso e direciona o raio apenas para o local necessário para o tratamento, podendo, assim, ter a potência de radiação aumentada e, consequentemente, diminuir o número de radioterapias para obter o resultado esperado.
"Essa máquina, ela é precisa, ela vem em cima do tumor. Com isso, você pode aumentar a dosagem. Você aumentando a dosagem, diminui o tempo de tratamento. Se você faria em 10 dias, pode fazer em cinco [dias]. Se você diminui o tempo, consegue atender mais gente", destacou o administrador.
Após a assinatura do convênio, o aparelho será fabricado na Holanda.
A confecção vai durar seis meses e, após concluída, o aparelho será enviado para o Brasil, o que deve durar cerca de 60 dias. Sendo assim, o hospital prevê aproximadamente 10 meses, após a assinatura, para a chegada da nova máquina.
O bunker, que é necessário para a operação do acelerador linear, não pode ser o mesmo utilizado atualmente, já que cada máquina tem suas especificidades. Sendo assim, o hospital tinha duas opções: construir um novo ou reformar o atual.
O HCAA optou por construir um novo, ao lado do que já existe, pois, assim, o aparelho segue em funcionamento e as radioterapias não precisam parar para a reforma do espaço.
Alvarenga informa ainda que o projeto para o novo bunker já foi aprovado pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN). Agora, o hospital tenta angariar recursos para a construção com o governo do Estado e a prefeitura.
Saiba
O bunker necessário para o funcionamento da máquina de radioterapia tem uma série de especificidades e custa em torno de R$ 1,9 milhão.